Vivenciamos no último mês um clima de tensão e incerteza no cenário político-econômico mundial. A vitória do Brexit (abreviação de Britain, que significa Grã-Bretanha, e exit, que designa a saída do Reino Unido do bloco europeu) me fez lembrar da neblina de suspeitas presente sobre os escombros das torres gêmeas em 2001 e, mais recentemente, do alvoroço nas bolsas financeiras mundiais após o estouro da bolha imobiliária nos EUA em 2007. Agora em 2016, o desenrolar da saída do Reino Unido da União Europeia ainda causa calafrios a investidores e empresas de capital aberto sediados ou representados pelos dois fronts.
O conservadorismo da decisão
A decisão da saída da União Europeia – 52% favoráveis X 48% contra – mostra ao mundo que o Reino Unido notoriamente preocupa-se com a falta de controle dos números imigratórios em um cenário de guerras e ameaças terroristas, que lança à Europa milhões de refugiados anualmente.
O pragmatismo social e político também são marcas registradas. Embora pareça algo como conto de fadas ou até mesmo “Game of Thrones” do século XXI, a família real britânica é a demonstração mais palpável dos antigos sistemas monárquicos existentes na idade média.
A relação com o Brasil
Apesar dos reflexos futuros do Brexit serem ainda desconhecidos, espera-se maior autonomia do Reino Unido na busca por novos parceiros comerciais. O embaixador do Reino Unido no Brasil, Alex Ellis, declarou durante palestra na Associação Comercial do Rio de Janeiro, que a saída do bloco da União Europeia abre perspectivas de ampliação de acordos comerciais com o Brasil, inclusive na área agrícola:
“Temos de ver as oportunidades para nossa vida pós-União Europeia. O Brasil é um dos países que temos interesse em reforçar os laços comerciais. Mas terá de ser passo a passo. Há vários países pedindo para fechar acordos conosco, mas temos de priorizar, pensar. É claro que o Brasil é muito importante para nós. Espero que nos próximos dez anos possamos até aumentar nossas relações”.
Desenha-se, portanto, a médio/longo prazo um elevado padrão de competitividade para o desenvolvimento de acordos bilaterais junto ao Reino Unido. Certamente, essa nova realidade britânica em busca do resgate de sua identidade deixaria contentados entusiastas como os memoráveis Winston Churchill e Margaret Thatcher.
Autor: Fernando Henrique Vargas – Departamento de Despacho Aduaneiro