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O ano é eleitoral no Brasil, e entre tantas especulações, as pesquisas têm apontado possível candidatura de um candidato visto pelos investidores e economistas com um plano eleitoral de pouca credibilidade no mercado. Segundo economistas, esta é a principal razão pelo qual o dólar tem subido assustadoramente, já passando dos R$4,00, maior valor apontado desde fevereiro de 2016, e também considerado o mais alto desde o início do plano Real. A insegurança dos investidores, especialmente estrangeiros, quanto às intenções políticas e econômicas do próximo presidente poderão elevar a moeda a um preço de compra de R$5,00.

No entanto, esta subida no preço da moeda não é reflexo somente da questão eleitoral, mas também reflete o atual cenário externo, conforme avalia Cleber Alessie Machado, operador de câmbio da H. Commcor Corretora “ A combinação do cenário de guerra comercial com a incerteza eleitoral deixa o mercado mais arisco” (reportagem fornecida ao G1 Globo). Com as atuais flutuações, os investidores buscam a compra de dólares como um investimento considerado seguro, na prática, quanto mais interessados na moeda, mais cara ela fica.

De olho no mercado internacional!

Quando voltamos as atenções ao cenário externo, parte da desvalorização do real pode ser avaliada pela disputa comercial travada pelos EUA e China desde março do ano corrente, a qual já tem ameaçado reduzir o ritmo da economia mundial, atingindo principalmente países emergentes, especialmente Turquia e Argentina. Tendo esta disputa travada sobre propriedade intelectual, entre China e EUA, acrescida das sobretaxas aplicadas ao aço e alumínio voltado ao protecionismo da indústria norte-americana, a tensão mundial tem piorado, gerando uma busca em massa por dólares, o que faz a moeda americana ter ainda maior valorização frente as demais. O Brasil, que também faz parte dos países emergentes e por sua relação comercial direta com a Argentina, também se torna bastante vulnerável a toda esta turbulência internacional.

Outro fator bastante comentado como agravante se dá a alta de juros nos EUA, o que fortalece o dólar ainda mais perante as demais moedas. O tesouro norte-americano já é visto como um dos mais seguros do mundo para investimentos, e como os juros estão subindo gradativamente, investidores têm tirado seus recursos de países emergentes para enviar aos EUA. Toda esta crise nas moedas emergentes também tem afetado a estabilidade da moeda brasileira.

A retração nas importações brasileira!

Com o impacto desta atual situação do mercado nacional e internacional, o reflexo já está bem claro nas importações, representando uma redução de 30% comparado ao mesmo período do último ano, principalmente as voltadas à produtos natalinos provindos da China e Europa. Notou-se uma maior queda nas importações de alimentos, bebidas e enfeites natalinos. As empresas importadoras alegam que como os itens estão chegando muito mais caros que o esperado, chegando a passar o valor em duas vezes ao estimado, tê-los em estoque é deixar fadado ao risco de encalhe, especialmente os de menor valor agregado, os quais teriam que ter maior giro no mercado. Lamentavelmente a população baixou seu poder de compra, e com as atuais taxas de desemprego, algumas empresas importadoras estão inclusive atrasando o embarque de alguns itens, ou até mesmo perdendo o que já foi pago não autorizando o embarque. Uma vez que o dólar bateu na casa dos R$4,00 as empresas tiveram que repensar em suas importações, pois a perda cambial passou a se dar em dois momentos, no pagamento ao exterior e na hora que a mercadoria chega aos portos e aeroportos, onde ocorre o desembolso para internação da mesma. Com o impacto da instabilidade do dólar, onde as empresas não sabem mais qual será o valor final de venda que poderá chegar o produto, algumas empresas estão tentando negociar descontos nas novas compras com alguns exportadores e países, explicando a atual situação, afim de não repassar a alta de câmbio aos clientes, conseguindo assim ampliar ou manter as vendas.

O que esperar!

Toda esta especulação eleitoral, juntamente com a situação mundial, tem feito as importações sofrerem uma retração, no entanto, acredita-se que assim que passarem as eleições, vai haver uma reação e as coisas tendem a regularizar. Estatisticamente, períodos eleitorais sempre causaram variações cambiais um pouco desenfreadas, como comenta o economista Otto Nogami, professor de economia do Insper: “Historicamente, em período pré-eleitoral, sempre se criou esse clima de incerteza, na medida em que se vê um candidato liderando pesquisas que colidem com o que o mercado considera o ideal” (reportagem fornecida ao G1 Globo).

Fontes: G1; Jornal do Brasil

Por Priscila Zanol.